Olhos

Quer que eu invente algo...??
Para tornar seu passado mais suave e enfeitado...??
Mentir para não ter que falar dos desamores e desafetos que tumultuaram aquela rua tranquila onde antes de você só se ouvia... o canto dos pássaros e o barulho da chuva...
Mentir para deixar colorida aquela rua sombria que se chamava solidão...
Mentiras com olhos nos olhos se tornam confissões desesperadas...
Olhos nos olhos pra você ver como viver com o coração na garganta não foi uma tarefa fácil...
Olhos nos olhos para provar que essa forma de amar foi o caminho mais longo porém o mais vivido...

Meu Paizinho...

Meu paizinho foi sem mim... pra outra vida sonhar...

Como foi sem se quer se despedir... conseguiu de mim nem um abraço levar...

E como fico sem a sua mão a me acalentar...

Onde estava quando de você eu precisava, ouvir aquele canto pra ninar...

Meu coraçãozinho de tão pequeno ficou grande...

E com a saudade ficou amiga pra quem sabe um dia reencontrar...

Mas será tarde demais? Ou será tempo de recuperar todos os abraços perdidos...

Todos os cafés da manha não convividos... todas as brincadeiras não compartilhadas e como farei pra recuperar todos os presentes desse dia tão vazio...

Ainda sinto na minha testa aquele beijo que nunca foi dado...

Te culpo por não ter me tornado a pessoa segura que a sua presença imporia...

Me culpo por ter perdidos tantas lagrimas a sua espera...

Te culpo por ter perdido os meus dias mais importantes, como quando cai daquela bicicleta e só esperava os seus braços fortes pra me acolher...

Me culpo por ter guardado sempre o seu lugar no meu coração não deixando que ninguém mais o ocupasse...

Te culpo por não me pedir o chinelo depois de um dia cansativo de trabalho...

Me culpo por mentir as minhas amiguinhas da escola que você viajava mas logo voltara...

Pai... não te culparei mais pelo amor que ainda é seu... pela falta que você me fez... pelas broncas que eu não levei...

Pai... não te culparei mais pelo seu amor que tão pobre foi... talvez teria servido...

E agora talvez não tenhamos mais tempo... mas vou te levar comigo por que é parte de mim... e todo o amor que poderia ter sido teu... vai me ensinar como é belo amar...

Não eu...

  Não me cabe julgar se está certo ou errado... essa não é minha missão e por sorte nem é responsabilidade minha também tentar descobrir os mistérios q habitam o seu coração...

  E não me cobre também a difícil tarefa de entender as razões mais inexplicáveis que se dá a sua vontade de ser livre... livre para sentir as suas emoções sem supervisões...

  Eu só ficarei se merecer... me perdoe por não ser aquela pessoa q existe nos contos de fada... aquele ser inexistente que tudo perdoa, que em tudo se alegra e por favor não peça que fique feliz com a sua felicidade... seria um esforço sobre-humano desejar á você tudo que podia ser meu...

  O julgamento é infeliz porque destrói todas as esperanças q construímos de ter amado um ser intocável pelas fraquezas da vida real...

  Prefiro ficar mesmo aqui no meu mundo... com os dois pés nas nuvens... e podem me julgar os pobres de espírito... por eu ter fugido mais uma vez... podem excluir meu nome da lista dos mais responsáveis e racionais... porque eu prefiro a insanidade da descoberta...

  Por que a minha escolha não é ficar e enfrentar o mundo de frente... seria muito cruel destruir todos os meus sonhos... a minha escolha foi fugir sim... fugir de tudo que dilacerava a minha alma... mais vale uma alma viajante e enfeitada com as cores do arco-íris do que uma que não consegue mais sonhar e nem realizar por medo dos dragões q vai ter que matar... pra mim somente vai ter que prometer... que não me julgara nem louca nem santa... porque fico exatamente na fronteira desses dois fascinantes mundos...

Inconstância...

Inconstante sempre serei...

E quem se magoou pode me perdoar?

O meu crime foi amar...

E a minha pena foi perder...

Perder o sonho daquele caminho... da estrada de pedras e flores...

Por onde toda minha alegria se foi... seguindo você...

Meu coração agora com essa armadura sufocou...

Inconstante ele viverá... no meu mundo onde o sol sempre nasce e a lua é sempre cheia...

Inconstante...

Conte-me

Conte-me...

Conte-me como foi seu dia...

Conte-me o que te fez perder o sono essa noite...

Conte-me porque mudou o perfume que eu mais gostava?

Quer o café amargo ou mais doce... lembra o doce da nossa canção?

E quando eu voltar promete que vai estar tudo no mesmo lugar?

Promete que tudo que era meu ainda vai estar em você?

Ainda vamos confessar nossos enganos?

Assumir os nossos erros?

Perdoar-nos das nossas ausências...

Conte-me como foi acordar com toda essa tempestade?

E quando chegar a minha vez prometo contar como foi carregar esse baú de lembranças a tirar-me da realidade...

Te contarei como é fácil viajar pelo mundo dos sonhos quando o que me conduz é o balanço dos seus lábios...

Passado

Eu posso usar toda minha saudade para modificar o meu passado e transformá-lo em um pedaço de vida perfeito...

Sem remorsos, sem erros nem enganos... sem a sensação de que foi tudo perdido, de que podia ter sido suave ao invés de amargo...

Eu posso dizer tudo que ficou calado, posso fazer tudo que por medo evitei...

Eu posso mostrar os meus segredos sem receio das criticas e da rejeição que eu temia tanto...

Dentro do meu mundo eu posso refazer o meu passado deixando mais doce de recordar...

E nessa fantasia eu posso juntar todos os pedaços que se espalharam no meio da minha confusão de sentimentos contidos...

Eu posso finalmente ver como as coisas eram claras... como podem agora parecer tão fáceis de resolver?

Como se eu tivesse o poder de flutuar com o sol para aquecer tudo que frio e sombrio...

E agora... somente agora,  eu percebo que para tornar aquele sonho realidade, que para completar a minha alegria, bastava apenas ter ouvido a voz do meu coração e feito como ele tantas vezes me pediu... “ Seja a verdade que mora em você e deixe que o amor reflita”